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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

BBB - Big Brother Brasil

bbb_10  
Ante a visível antipatia dos meus colegas com o programa, tentei escrever um post mais suave e não criticar tanto o BBB. Mas não dá. Tudo bem que a audiência dele é estrondosa e em todos os lugares se vê comentando sobre o que acontece dentro da casa.
Parece que a "massa" para diante da rotina de 16 confinados e faz daquilo motivos pra viver durante 03 meses.
Existem blogs especializados em analisar o comportamento dos participantes, quem joga ou deixa de jogar, quem é mau ou quem é bonzinho.
Desta vez, achei que eu teria motivos pra assistir o programa, já que ouvi burburinhos sobre uma revolução na escolha dos participantes.
Ouvi dizer que selecionaram uma Drag Queen, um Gay assumido e uma lésbica!
Pensei com os meus botões:
-Será que assim o povo vai perceber que os gays estão em toda parte? Até no programa mais bafônico e popular de todos os tempos - o BBB?
Mas eu me enganei.
 
bandeira_gay
 Me engana que eu gosto!


A participação de gays e lésbicas no Big Brother, serviu apenas pra reforçar a minha teoria de que a sociedade prefere se ater a uma mentalidade egoísta que ignora nossa presença no mundo.
Isso não está somente nas ruas. Está também dentro das nossas casas. Querem uma prova?
A mãe da participante Angélica - a sapa - se pronunciou no dia da eliminação da filha dizendo que ela não é homossexual.
Assisti o programa algumas vezes pra poder escrever esse post e em momento algum vi a participante se insinuando pra homens. Muito pelo contrário, o mundo GLS estava torcendo pro lance dela com a gostosa da Cacau dar certo.
Acho que ela saiu na terça feira, justamente porque o "povo" ainda não está pronto pra presenciar um romance lésbico em rede nacional.
A saída dela tem muito a ver com isso, e por coincidência sua eliminação se deu em um confronto direto com seu arquiinimigo - um tal de Marcelo Dourado - que é um homofóbico de carteirinha. E pasmem. Ele não só derrotou "a lésbica" no paredão, como é o novo queridinho do Brasil e candidato fortíssimo a ganhar o prêmio de 1,5 milhão.
dourado

Alguns não aceitam a teoria de que Dourado tem forte rejeição ao homossexualismo. Mas em minhas andanças pelo mundo da internet, li um texto espetacular de uma blogueira que atende pelo nome de Mary W. Em seu texto ela aborda temas como a postura de Marcelo em relação aos homossexuais (principalmente no que diz respeito à Drag Dimmy Kieer), e sobretudo da atitude dos brasileiros em relação a presença de gays e lésbicas no Big Brother. Selecionei as partes principais pra facilitar a leitura, mas digo que vale muito a pena dar uma olhada na versão full.

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"...A discussão sobre homofobia, então, ganhou o contorno mais preconceituoso do mundo. [...] Começaram a dizer que o Dourado era vítima de heterofobia. Olha. Essa palavra é tão cruel que eu queria passar o programa todo sem tocar nela. É preciso que alguém seja um autêntico canalha para usá-la. É preciso que a pessoa nunca tenha lido uma droga de um livro de sociologia ou filosofia. É preciso que o significado do conceito de relativização seja completamente ignorado. Não existe heterofobia porque nós vivemos num mundo heterocentrado. Todos os valores e fundamentos tentam reforçar, pra todos nós, a sacralidade do casal heterossexual. Não existe vida fora da heterossexualidade. Um hetero não corre o risco de perder o emprego por conta de orientação. Um hetero não tem que esconder desejos, sentimentos e relacionamentos. Não existe um ambiente hostil para a heterossexualidade. Não existe a zombaria e os olhares. As piadas e insinuações. Quando uma colega sua é zoada na base do será que ela é? a resposta vem rápida "tá me estranhando", "deus me livre", "credo". Quantos "credo" um gay escuta por dia em referência à orientação sexual? "Que desperdício fulana ser lésbica". Quando eu vi que a Globo ia colocar a questão no BBB, sabia que ia dar merda [...] Imagina uma drag dar em cima de um macho? Falta de moral. Isso, my friend, é ambiente hostil. E nós não somos apenas gays. Nós estamos dentro de um movimento. Fazemos parte de uma luta. Uma das etapas fundamentais da nossa luta foi a construção da nossa subcultura. Não há lugar pra gente no mundo. Fomos construindo um lugar. Vida fora da heterossexualidade. E não construímos um gueto. Montamos um imaginário poderoso que é um pilar na desconstrução do preconceito. A rua Augusta está aí. Lady Gaga está aí. As performances do Serginho estão aí. Toda a arte homoerótica está aí. As drags queens estão aí pedindo passagem. Oscar Wilde é um símbolo. Shena e The L Word também. The Week e a A Lôca. Tem como ser gay e não dar pinta? Opa. Mas não tem como ser gay e não participar dessa subcultura. O S, do GLS, vem das pessoas heteros que curtem essa subcultura. No programa da TV, o Dourado se mostrou extremamente INCOMODADO com essa subcultura. Com todas as referências. Ele senta, durante as festas, quando toca "música de viado". Homofobia não é apenas atacar gay. É preciso ser um completo tapado pra não perceber as camadas do preconceito e quando ele é sutil. Como o Dourado não bateu no Dicésar, ele não é homofóbico. Faça-me o favor. A negação da nossa subcultura é homofobia. Você não tem espaço no meu mundo e eu odeio o mundo que você construiu. Não tem por onde. Tudo relativo ao mundo GLS incomodou o cara. Mas ele é reflexivo. Não considero um vilão. Acho que vem bem no programa. Ele escuta, pondera etc. O problema, repito, não é ele. É quem torce por ele. Porque a intenção é clara. Baixar a viadagem do programa. E aí não podemos ficar calados. Queria ficar o BBB todo sem tocar nesse assunto. Nunca vou considerar que a cultura de massas dá conta disso. Eu já sabia que do BBB não sairia um mundo mais tolerante. Eu só não esperava que a intolerância fosse vir em forma de avalanche e, pior, covardemente mascarada. Ele pode ganhar 1,5 milhão? Pode. Pode ganhar 15 milhões. Milhares de homofóbicos estão por aí, enchendo o rabo de dinheiro. Não faz diferença para a nossa luta. Não somos maioria nem queremos ser. Vamos continuar fazendo o que sempre fizemos. Fortalecendo a nossa auto-estima através da nossa subcultura. Buscando visibilidade através das nossas paradas. Criando redes de proteção para aqueles que ficam desamparados por conta da discriminação. O que deve ficar claro, eu acho, é que nós já esperávamos. A cada conquista sentimos a reação conservadora. Entrar no BBB tem uma conotação de conquista. Então veio a reação. Mas que venha. Não é o primeiro ataque que sofremos. Não será o último. E nós não temos mais medo. Podem gritar bastante. Podem soltar foguetes. Nós somos gays. Nós estamos aqui. Acostumem-se com isso."
Fonte: http://decimobbb.blogspot.com/2010/02/stonewall.html

Chorei! Acho que não preciso dizer mais nada...

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