O Parceiro Ideal

Bem que você podia pintar na sala da minha tarde vazia
Dizem que toda mulher fantasia como par ideal um gay – um homem inteligente, sensível, atencioso, que saiba se vestir, que repare o seu corte novo de cabelo, a sua roupa nova e que não deixe passar em branco a data de aniversário de namoro. Sim, com certeza, esse cara é gay.


Daí a gente pode concluir que, como todo gay tem um pouco da sensibilidade feminina, ele também busca alguém com esse perfil para se relacionar. Certo? Errado!!!
É quase unânime. Um gay nunca tem como ideal de relacionamento outro gay. Pelas condições que o mercado oferece, gays até se relacionam entre si, mas não por preferência. Em suas fantasias mais íntimas, a maioria das bibas sempre deseja um hetero, com todos os pêlos, músculos e a virilidade peculiar do homem macho.

Por esses desejos, se consolidou nos ambientes gays a figura do gogo boy, um dançarino musculoso e sedutor e que (quase nunca) exagera no rebolado. Também são sempre assim (musculosos, viris, de pegada firme) os personagens dos filmes pornôs gays e das revistas de nu masculino. Já que é pra soltar a fantasia, tem que ser com o ideal de consumo, e não com o que a realidade oferece.


Camisa da Colcci, gelzinho no cabelo, calça apertadinha, super óculos-de-sol na cara... Nada disso. Aliás, as bibas desejam justamente o oposto ou algo que se distancie bem desse personagem.
É comum a gente ver gays bem posicionados frequentando a periferia para pegar carinhas do tipo “mala”... Aquele mesmo, de bermudão, camisa surrada, boné virado pra trás, andar de macaco e que atende qualquer pedido por um copo de cerveja. Até beija! Dando uma passada pela praia você vai ver algumas figuras bem conhecidas e vários malas ao seu redor, como moscas em volta da comida (ou melhor, da sua cerveja).


Mas aí, aí já é uma situação extrema, de gays que se relacionam com fetiche. Tem outros mais moderados, que dizem “pra ficar comigo, tem que ser pelo menos mais homem do que eu”. Tem quem fica sozinho mas se diverte com os que o mercado oferece, enquanto espera seu príncipe encantado chegar, montado em um cavalo branco. E tem quem cai na realidade e se relaciona com seu igual.


Ai, fica a reflexão: existe o preconceito contra gay dentro do próprio meio gay. Pintosa, afeminado, mona, é considerado gay de segunda categoria.