Todos! Exceto, é claro, os relacionamentos amorosos em ambiente de trabalho.
No meu entendimento, esse tipo de relação não deveria ter nem a primeira etapa.
Quem nunca escutou aquela bendita frase?
- Onde se ganha o pão, não se come a carne!
Primeira coisa: Eu não gosto que as pessoas saibam que eu sou lésbica. Não, eu não tenho vergonha disso. Muito pelo contrário! Só acho que é muito importante pra nossa saúde e equilíbrio preservar a nossa vida íntima.
Segunda: O ser humano tem uma tendência fortíssima a fazer mexericos. Quem não gosta de “disse-me-disse” deve se lembrar do que o poeta Mário Quintana escreveu – “Não te abras com teu amigo, que ele um outro amigo tem. E o amigo do teu amigo, possui amigos também...”. Logo, escolho muito bem os meus confidentes.
Terceira: Escritório é sinônimo de “fofoca”. É dali, onde o pessoal toma aquele cafezinho, que costuma sair o informativo semanal. E vocês sabem como é... papo vai, papo vem:
- Carol! Deixa eu te contar o babado do ano!
- Conta!
- Ficou sabendo que a Joana, aqueeela lá do RH, cola o velcro? Sapatão, menina! Acredita?
- Queeem? A Joana? A quietinha?
- Essa mesma! O Paulo da Contabilidade tava na balada e pegou ela com uma morenaça, “fazendo e acontecendo”!
- Rapaz... ‘Cê ta brincando? Certeza?
- Informação quentinha! Acabei de ficar sabendo. A Sheila, telefonista, acabou de me contar!
- Bem que eu desconfiava, viu? Já peguei ela olhando pros meus peitos várias vezes!
Pronto! A Joana que era "na dela", funcionária do mês (com direito a retrato na parede e tudo), acabou de virar “a sapatão”, “a tarada”, “a diferente”.
As pessoas mais conservadoras vão olhar pra ela com cara de “poucos amigos” e deixarão de fazer convites pras festinhas de aniversários. Por outro lado, ela vai despertar o interesse dos colegas “machos-pegadores”, que vão ficar loucos pra fazer um programinha com ela e “mais uma amiguinha”.
Ou seja, a vida da Joana, que antes era tranqüila, vai virar um verdadeiro inferno.
Se os colegas da Joana já aprontaram uma confusão “daquelas” ao saberem da sua orientação sexual, imagina o que eles iriam fazer se soubessem que a “morenaça” da balada era a Carminha do Departamento Jurídico?
Portanto, meninas, é o maior vacilo deixar o pessoal do trabalho descobrir que você é “do babado” e, pior ainda, se sacarem que você está de caso com uma colega!
Por isso que os relacionamentos amorosos no ambiente de trabalho não devem sequer começar!
Agora vamos partir pra outra linha.
Suponhamos que tem uma gata deliciosa – irresistível – que não tira os olhos de você. Te chama toda hora no MSN, joga charme e já até te convidou pra um jantarzinho na casa dela.
Você sabe de todos os riscos, mas diante de uma situação dessas, quer realmente pagar pra ver.
Inicialmente você deve se assegurar de que não está cometendo um erro fatal: o bote errado.
Já pensou se a gostosa está te dando moral porque já sacou que você é sapa e (só de sacanagem) está afim de te testar ?
Tem muita filha da puta por aí querendo se divertir às nossas custas e fazem de tudo pra arrumar um novo babado pra contar pra todo mundo!
Então, assegure-se de que não é uma armadilha – Camarão que dorme a onda leva!
Tenha muita paciência, porque quem tem muita pressa, ou come cru, ou não come nada. Espere que ela tome a iniciativa, não aceite todos os convites que ela fizer.
E, com certeza, se ela estiver mesmo afim, uma hora vai rolar alguma coisa entre vocês.
Imagine que você gastou seu precioso tempo pra dar uma transadinha sem direito a “repeat”. Ótimo! No dia seguinte, se ela fingir que nada aconteceu, aja da mesma forma.
Faça a “egípcia” (bem glamourosa e fina) e trate-a normalmente. Agora, se você perceber que o babado vai pra frente, conversa com a gata. Diga que não quer se expor e peça o máximo de discrição possível. Quando forem ao mesmo lugar que os colegas (um happy hour, festinha de confraternização), nada de beber demais. Bebida relaxa e dá coragem. Isso é um perigo.
Na hora que estiverem afim de demonstrações públicas de afeto, prefiram lugares restritivamente gays. E mesmo assim, procurem reconhecer o terreno e ver se não tem alguém conhecido por ali, antes de “fazer a festa”.
E principalmente, escapadas no horário de trabalho são proibidas. Beijinhos furtivos, segurar as mãos, trocas de olhares...
Aventura sexual é muito bom, desde que não seja no seu escritório. Se te pegarem, vai virar o maior Deus-nos-acuda e você ainda vai ganhar um bônus: demissão por justa causa. (A não ser, é claro, que você seja a chefe, ou a dona. Nesse caso, você pode comer quem quiser, na hora que quiser e ninguém pode falar nada.)
Depois de alguns meses de relacionamento, quando você enjoar da cara da delicinha, porque fica com ela mais de 12h por dia (em outros casos, até 24h) e o relacionamento de vocês se desgastar naturalmente devido à convivência excessiva, você terá pela frente a missão mais difícil de todas: administrar o término, fazer com que ela não fique com ódio mortal de você, manter um bom relacionamento enquanto dividirem a mesma sala e não deixar seus colegas perceberem nada.
Se alguém sacar, vocês vão ter jogado o trabalho que tiveram durante todo esse tempo no lixo!
Priorize o diálogo. Não pise na bola e procure preservar uma relação respeitosa e cordial entre vocês.
Mesmo que eu não concorde com esse tipo de relacionamento, acho que nem sempre podemos estar no controle da situação. Podemos sim ser pegas de surpresa.
Se isso acontecer, mantenha-se sempre vigilante pra não cair na boca do povo e virar o centro das atenções.
É muito bom ter uma parceira, mas isso não pode tornar você o centro das atenções. Ser objeto de falatórios e maledicências nunca foi legal e, creio eu, nunca será.
2 comentários:
Quem diria. Gostei demias do escrito.
Olha, Nany. Este lance de não "comer a carne onde ganha o pão" é bobagem, menina. Se tem uma gata no pedaço, o problema é só se ela é discreta. Se for, se joggaaaa!!!
Postar um comentário